domingo, 31 de agosto de 2014

A cura da mulher com o fluxo de sangue, apontando para o novo templo e novo sacerdócio

A cura da mulher com o fluxo de sangue havia 12 anos e o novo templo e novo sacerdócio



…”e será que, quando entrarem pelas portas do átrio interior, se vestirão com vestes de linho; e não se porá lã sobre eles, quando servirem nas portas do átrio interior, e dentro.
Gorros de linho estarão sobre as suas cabeças, e calções de linho sobre os seus lombos; não se cingirão de modo que lhes venha suor.
E, saindo eles ao átrio exterior, ao átrio de fora, ao povo, despirão suas vestiduras com que ministraram, e as porão nas santas câmaras, e se vestirão de outras vestes, para que não santifiquem o povo estando com as suas vestiduras.”…
Ezequiel 44:17-19

…”e eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés,
E rogava-lhe muito, dizendo: minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva.
E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
E certa mulher que, havia doze anos, tinha um fluxo de sangue,
E que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior;
Ouvindo falar de jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste.
Porque dizia: se tão-somente tocar nas suas vestes, sararei.
E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal.
E logo jesus, conhecendo que a virtude de si mesmo saíra, voltou-se para a multidão, e disse: quem tocou nas minhas vestes?
E disseram-lhe os seus discípulos: vês que a multidão te aperta, e dizes: quem me tocou?
E ele olhava em redor, para ver a que isto fizera.
Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.
E ele lhe disse: filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal.”…
Marcos 5:22-34

Ora já bastante tem sido dito sobre a mulher doente com fluxo de sangue havia 12 anos. Não vou repetir o que já foi dito. Sinto necessidade de no entanto partilhar algo de suma importância que nosso Salvador revelou nesta ocasião e que seu Espírito gravou na memória dos discípulos, que por sua vez o gravaram no que hoje são as Escrituras do novo testamento:

De Jesus saiu virtude curadora e a doente agira em fé. Com sua fé a doente afirmara que se somente tocasse suas vestes ficaria sarada, integra, reparada…

Ora sabemos que a fé é a convicção de algo estabelecido na consciência do individuo e que tal convicção deve ser fundamentada em revelação de Deus, ou seja, a fé é a consciência que alguém tem da Palavra de Deus, seja esta comunicada directamente pelo Espírito de Deus ao individuo, ou seja o Espírito de Deus a revelar a Palavra nas Escrituras ao individuo que a lê.

No tempo de Jesus todo o Israel aprendia a ler e escrever através das Escrituras dos 6 aos 12 anos e todos deviam assistir regularmente na sinagoga, pelo que todo o Israel era exposto às Escrituras, ainda que infelizmente a maior parte não discernia a Palavra nas Escrituras, porque as Escrituras eram ensinadas distorcidamente pelos rabis fariseus e pelos saduceus. 

A liderança religiosa de Israel, que possuía o púlpito e a autoridade de instrução, os fariseus e os saduceus, viviam da religião e julgavam-se os mediadores da revelação de Deus, interpretando as Escrituras à sua maneira e guiando o povo no erro de sua falta de discernimento da Palavra.

No entanto havia uma minoria que tinha verdadeiramente fé e que iluminada pelo Espírito de Deus ansiava pelo Messias e discernia a Palavra nas Escrituras. Por isso vemos uns poucos terem fé em relação a Jesus, como o ancião e a anciã que adoravam a Deus no templo de Herodes, quando Jesus menino é apresentado e circuncidado com oito dias de vida.

Com a mulher do fluxo de sangue, em termos de fé e discernimento da Palavra, processo semelhante aconteceu. Esta mulher revelou ter fé em Cristo discernindo-o através das Escrituras e sobretudo pelo que ouvira e quiçá vira da própria vida encarnada do Verbo de Deus.

Esta mulher vivia doente, definhando, quase moribunda, falida economicamente, desalentada pela incapacidade da medicina e ostracizada-marginalizada pela comunidade de Israel sob a vigência da Lei, que exacerbada e mal interpretada pelos profissionais da religião fariseus e saduceus, determinava que uma mulher com fluxo de sangue era impura e devia estar afastada de toda a comunidade durante o tempo de seu fluxo de sangue, que no seu caso eram já 12 anos ininterruptos… 

Em alguns casos a elite religiosa era sem amor e em outros casos, apenas faziam o que a Lei mandava. Ora a Lei foi revelação de Deus, mas não plena, sendo que era apenas sombra da realidade que viria com Jesus, numa pedagogia divina infantil. Sendo assim, os fariseus eram injustos na mesma, pois se amassem a Lei que era sombra de Jesus, ainda mais amariam a Jesus, a plenitude de Deus. Mas os religiosos preferiam a sombra à realidade, preferiam apenas intuir a forma de Deus a mover-se atrás do véu, a contemplarem o próprio Deus face a face nos olhos de Jesus.

A Lei não era tão poderosa, nem tão salvadora e nem tão amorosa quanto Jesus, sendo que quem a preferia a Jesus, rejeitava de facto a plenitude de Deus...
Era desesperante a situação da senhora, em todos os aspectos - estava falida economicamente. Falida emocionalmente. Falida psíquico-socialmente, etc…

A senhora estava desesperada, tentara tudo havia 12 anos, restava acomodar-se e esperar a morte. Quem sabe até, o que é muito provável, estava já cheia de má auto-estima, crendo que era culpada de tal situação e por isso estigmatizando-se neuróticamente a si mesma; tal como lhe fazia o resto da sociedade adoecida de fobias e obsessões de culpa da lei, nas mãos dos ministros da condenação: os fariseus e saduceus.

Esta senhora, esta crente, era verdadeiramente pobre, miserável, falida de espírito, falida de recursos espirituais.
Mas sua história muda porque aparece Jesus por toda a Galileia e arredores… A fama do poder de Jesus espalha-se… Mas não só… Espalha-se também a fama de seu amor, a radicalidade de sua mansidão, coragem e amor, pois convidava para seu séquito marginal rudes pescadores, publicanos, meretrizes e outros desgraçados, permitindo-lhes reescrever processualmente sua história à margem de lagos, ribeiros, colectorias, montes, casas, planícies, etc… 

Ou seja, alguém com poder miraculoso e prédica da Palavra que suscitava a inveja dos que monopolizavam o púlpito e sacerdócio; manifestava tudo isto com amor até então jamais visto e vem assim a suscitar esperança na desesperançada, exaurida e paupérrima de espírito...

Alguém cheio de graça e de amor deambulava por toda a região donde esta senhora era oriunda, fazendo chover dos céus imerecidas bênçãos sobre os mais falidos dos humanos...
Na verdade cumpria-se a profecia de Isaías: o norte de Israel que estava afastado do centro político e religioso de Jerusalém, primeiramente que Judá, recebera a exortação e juízo de Deus às mãos dos assírios, no entanto este mesmo norte de Israel era agora, ainda antes da Judeia, a primeira região a experimentar a loucura da teimosa manifestação da graça de Deus, que através de Jesus fazia aquela gente em trevas contemplar a luz –
A terra de Zebulom, e a terra de Neftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galileia das nações; o povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, a luz raiou. Mateus 4:15-16…

Mas porque então postei o texto de Ezequiel logo no início desta partilha, conectando a Palavra nesta porção das Escrituras, com o evento messiânico diante da doente com o fluxo de sangue?! Que tem tal texto a ver com a mulher do fluxo de sangue?! Tem tudo a ver maninhos!

A Antiga Aliança, a Lei, revelava ao povo apenas a sombra do evangelho. O evangelho, a Nova Aliança de Jesus, trouxe a plenitude da revelação de Deus, assim como a plenitude de sua natureza amorosa e do poder deste mesmo amor-essência de Deus. Era a plenitude da bênção! E plenitude absoluta das bênçãos, não porque o povo fosse melhor aquando do tempo da encarnação de Jesus, mas porque as bênçãos divinas são imerecidas e como tal também a encarnação de Jesus! A encarnação graciosa do próprio Deus para salvar todos os injustos humanos de todos os tempos.

No tempo da bênção e revelação limitadas da antiga aliança, ainda assim Deus, sem o povo o merecer, manifestava-se no seio do povo, redimia suas transgressões graciosamente e distribuía-lhes bênçãos. Deus manifestava-se especialmente no templo e antes do templo no tabernáculo. Era naquela geografia pequena e restrita que Deus se manifestava. E os sacerdotes como elite religiosa mediavam entre Deus e os restantes homens.

 Os sacerdotes eram imperfeitos como todo o homem e graciosamente podiam oferecer sacrifícios de expiação de suas falhas e das do povo. Não era o sacerdote, mas sim a unção e o sangue do cordeiro, que efectuavam a obra graciosa da redenção e santificação de todos homens imperfeitos.
Por isto dito, em Levítico, vêem-se as minúcias de tal revelação, onde se constata que o sacerdote ungido e coberto pelo sangue do cordeiro imaculado torna-se santo, assim como tudo o que tocar o cordeiro sacrificado e assim como toda a roupa debaixo da unção e do sangue do cordeiro.

Deus queria ensinar que era apenas Ele e não os homens quem salvava, o sangue inocente, a unção de Deus, sua presença imerecida. Neste sentido tudo o que tocava o sangue e a unção era santificado, e as vestes do sacerdote assim eram. 
Sim as vestes do sacerdote estavam debaixo de unção e do sangue do cordeiro, de forma que as vestes sacerdotais, tal como tudo o que era debaixo do sangue e da unção, não podiam sair do templo, para que a santidade de Deus não saísse da geografia do templo; uma vez que naquela Velha Aliança, sem a plenitude da Nova, a presença de Deus era restrita ao templo. A presença de Deus estava  no Santo dos Santos do templo e apenas um homem, o sumo-sacerdote, aí podia entrar, uma vez apenas por ano.

Era tempo de ensinar às gentes a diferença entre sagrado e profano, através de duas geografias, uma sagrada e outra profana, para que depois de tal lição infantilmente aprendida, pudessem mais tarde outras gerações aprender que a geografia do sagrado é a consciência pura e santificada a viver em toda a terra…
Era necessário começar a ensinar a verdade com pedagogia infantil, a fim de que a sociedade depois de assimilar tal verdade de profano e sagrado, pudesse então interiorizar essa verdade de forma madura, na consciência, no intimo, pelo Espírito derramado na plenitude dos tempos…

Mais tarde Ezequiel, sacerdote e profeta, vê a queda de Jerusalém e a destruição do templo e vê a glória de Deus – Shekina - sair do templo de pedra para habitar com o povo na Babilónia, onde seu povo estava em cativeiro
Deus mudava-se da geografia sagrada do templo na santa terra prometida de Israel, para a terra dos perversos babilónios, onde corrigia seu povo Israel, ao qual Deus não abandona, mostrando assim também que sua é toda a terra. Deus corrigia o povo, mas não o abandonava, apenas corrigia. E nessa correcção, estava presente sua glória no meio deles.

Ezequiel levado cativo para a a Babilónia, vê nas margens do rio babilónio, o Quebar, que a glória da presença de Deus sai do templo de Salomão e vai para a Babilónia. Estamos aqui diante de um avanço de revelação e manifestação da presença de Deus, a caminho da Nova Aliança; pois Ezequiel vê que no período do cativeiro da Babilónia, Deus passa a estar onde seu povo está, seja onde for, deixando assim de estar restrito exclusivamente à presença geográfica limitadíssima do templo de pedra e da peça de mobília sagrada que era a arca da Aliança.

 Para Deus importante mesmo é estar no meio de pessoas e não em templos de pedra. Deus começava a apontar para a plenitude da revelação e bênçãos da Nova Aliança.
Ezequiel vê profeticamente a restauração do sacerdócio e do reino através do Messias e simbolicamente dá directrizes, conforme Levítico, acerca de tal futuro novo sacerdócio e lembra que as vestes dos sacerdotes serão santificadas e que por isso santificam aquilo que tocarem, pelo que não devem sair para fora do templo a fim de não santificarem fora do templo.

Então sendo assim parece que Ezequiel volta ao mesmo de antigamente não é?!
Parece que Ezequiel volta às mesmas premissas infantis do sacerdócio levita!
Primeiro Ezequiel parece trazer nova revelação: vê-se a glória de Deus a desprezar o templo de pedra e a buscar o povo que ama e do qual não desiste, ainda que o povo seja momentaneamente objecto de sua correcção e ainda que o povo esteja numa geografia perversa como a Babilónia; mas depois Ezequiel parece voltar às antigas formas do sacerdócio Levítico com directrizes sobre as vestes sacerdotais e a circunscrição do sacerdócio e ministério, na exclusividade geográfica de entre quatro paredes do templo de pedra…

Parece que o profeta volta atrás à Antiga Aliança! Mas não é assim! Graças a Deus que não!
Se quiser, e eu aconselho-o a tal, leia mais de Ezequiel e veja tudo acerca do Novo Templo que ele vê profeticamente e que de tal Novo Templo depende o novo sacerdócio e assim verá então que tal templo não pode ser feito por mãos humanas, conforme o maninho Caio Fábio explica-ensina tão bem na sabedoria do Espírito!

As dimensões do templo de Ezequiel parecem quânticas, têm uma medida exterior, mas conforme entramos no templo vêem-se coisas e medidas incomparavelmente maiores que as medidas do exterior. Seria como entrar dentro de um quarto de 10metros quadrados e dentro desse mesmo quarto estivesse toda Lisboa…
Esta revelação de Ezequiel, aponta para um templo com medidas exteriores, mas cujo interior é incomparavelmente maior que seu exterior, ou seja, Ezequiel profetiza de um templo de Deus cujas dimensões intimas são infinitamente superiores ás exteriores, falando do Reino de Deus no intimo, das realidades da Nova Aliança, que são intrínsecas e não mais apenas exteriorizantes e comportamentais.

Trata-se neste Novo Templo da realidade de Deus habitar em toda a Terra, mas sobretudo no intimo dos homens, que é de dimensão incomparavelmente maior. Trata-se do Homem como Templo.

E no templo que Ezequiel vê tudo está sagrado, a natureza, construções físicas, as pessoas, seres angelicais e naturais como palmeiras, tudo, tudo, toda a natureza e toda a criação de Deus é visto como sagrado…

O que ocorreu então? É que nesta passagem de Ezequiel, colocada logo no inicio deste meu texto-partilha, se lermos todo o texto imediatamente precedente a este texto na bíblia em Ezequiel, constataremos que a maior parte dos levitas é rejeitada, menos uma porção de descendentes de Zadoque, que foi fiel a Deus e do qual Deus chamou sua descendência sacerdotal…

Ora a casa de Zadoque era da tribo de Levi e misturou-se com a de David antes e depois do cativeiro da Babilónia, pois um dos filhos de David, do qual Maria descende, casa com uma das filhas de Zadoque, sendo que estas mesmas casas sacerdotais e reais voltam a unir-se após o cativeiro, pela união da casa de Zorobabel (casa real de David descendente de Judá) e a de Josué (casa de Zadoque descendente de Levi)… 

Jesus era descendente de David e de Zadoque por intermédio de sua mãe que descendia de Josué e de Zorobabel. No entanto Jesus foi e é verdadeiramente sacerdote da ordem de Melquisedeque que é uma ordem superior e eterna…

O primo de Jesus: João baptista, assim como seu pai Zacarias e sua mãe Isabel, prima de Maria, mais a restante família de Maria, eram levitas da ordem de Zadoque… 

Ezequiel diz que de Zadoque virá o verdadeiro levita, uma vez que os antigos levitas estão todos rejeitados à excepção desta família… No tempo de Jesus, Zacarias, o pai de João baptista, seu primo, era sacerdote levita e da ordem de Zadoque. No entanto em termos oficiais a casa de Zadoque não detinha a liderança do sacerdócio, e isto porque a liderança do povo de Deus estava pervertida e os saduceus não honravam a  profecia da Palavra, deixando a casa de Zadoque na relativa obscuridade, deixando-os apenas serem meros sacerdotes, colocando na liderança e no sumo-sacerdócio, gente que apenas detinha poder politico corrupto e não era da casa de Zadoque, ou seja, gente liderando sem chamado de Deus corrompendo o povo de Deus.

No entanto ainda que reinasse Herodes que não era de Judá e ainda que o sacerdócio estivesse oficialmente nas mãos de gente que não era da casa de Zadoque, ainda assim o verdadeiro Rei era Jesus Cristo da casa de David de Judá; e o verdadeiro sumo-sacerdócio era o seu e seus sacerdotes eram todos seus discípulos. Também João o baptista, da casa de Zadoque, da casa de Levi, filho do sacerdote Zacarias, ainda que oficialmente não fosse sacerdote, era verdadeiramente profeta, como Jeremias, que também podia ter sido sacerdote, mas o recusou por estar pervertido o sacerdócio, preferindo ser profeta marginalizado.

Assim aprendemos que nem sempre o sacerdócio oficial é o de Deus e nem a liderança, assim como aprendemos que maior parte das vezes, como com Jesus, João baptista, Jeremias, entre muitos outros, ser Servo de Deus implica obscuridade, recusa á perversão do sistema da religião oficial e institucional em nome de Deus, implicando tal obscuridade uma marginalidade peregrina em desertos dos quais é enviada a Palavra do Senhor!

Ora em Jesus cumpre-se tal profecia e como Ele é acima de tudo da ordem de Melquisedeque, nele fundem-se os dois sacerdócios e ele é sumo-sacerdote para sempre. Jesus é tal sumo-sacerdote e ainda faz sacerdotes a todos quantos chama a si, sem excepção alguma; conforme Pedro e João constatam que são todos indivíduos das mais variadas etnias que crêem em Jesus: reis e sacerdotes, sacerdócio real e nação santa! Bendita plenitude de Deus! 

Quem quer voltar atrás à Antiga Aliança quando hoje todos somos e podemos ser sacerdotes e reis ungidos em Cristo Jesus que nos sentou com Ele em seu trono celestial e nos tornou seus co-herdeiros do seu universo, se agora sofrermos com Ele e pegarmos nossa cruz crucificando nosso ego?!

Então vemos com Ezequiel que os sacerdotes do Novo Templo não podem vestir roupa de lã, roupa quente que faça suar! E porquê roupa que não faça suar? Porque Ezequiel diz que Deus não quer nosso suor de ilusão redentora! Deus não quer nosso esforço sacerdotal vaidoso que julga ser sumo-sacerdotal salvador! Deus não quer nossas obras pseudo-messiânicas!

O suor e sangue do cordeiro orante-suplicante no jardim das oliveiras, são suficientes e exclusivos para salvação, pois a nossa eficácia sacerdotal está em sermos cobertos pelo sangue e pela unção do cordeiro supliciado em nosso favor! 

Somos apenas sacerdotes cooperadores de tão omnipotente sumo-sacerdote e sem Ele nada podemos fazer e nele todos sem excepção são cooperadores. Apenas Ele é o Ungido e a Cabeça e nós estamos debaixo de tal Unção.

Soli deo gloria! Deus não quer nossas obras redentoras porque nós não redimimos nada! Ele quer nossas obras e suor, mas com consciência de que são apenas obras limitadas e jamais redentoras e messiânicas. Nossas obras e suor redentor-salvador não existem. Nosso serviço é leve. O dele foi pesado! O suor de obra redentora sacerdotal só o Cordeiro teve.
Então nenhum de nós é o fera, o Ungido ou D. Sebastião salvador…

E quando Ezequiel diz que as vestes dos sacerdotes não devem sair do templo não está a dizer que no futuro o reino de deus seria uma “igreja” de pedra com um sumo-sacerdote de título de pastor com vestes especiais, armani ou assim, ou com a atitude elitista ainda que de roupa diferente, a manifestar a monopolização que tivesse do poder e amor de deus; e ainda assim só naquele espaço físico do endereço de tal “igreja”, donde tal pastor é rei e Messias! 

Nada disso! Isso seria voltar ao Antigo Testamento! Aliás seria pior, pois no tempo da Antiga Aliança era assim porque era o tempo da sombra da plenitude. Era o tempo da sombra de Cristo, enquanto hoje desprezar a plenitude de Cristo para voltar  apenas à sombra de Cristo seria loucura! Seria como crucificar-rejeitar de novo o Cristo!

Como já vimos no templo que Ezequiel profetiza, toda a criação de Deus redimida no cordeiro é o templo, porque Deus materializa seu reino para sempre e João vê a nova Jerusalém, a Igreja noiva do Cordeiro a descer dos céus à terra, sendo que nesta cidade viva do Deus vivo não há templo feito por mãos de homens e o Cordeiro é sua luz!

Deus materializa seu reino em plenitude, redimindo perfeitamente e para sempre toda a matéria, inclusive os corações dos homens! Esta é a ardente expectativa da criação que geme pela final redenção total aquando da vinda do Filho do Homem!

Mas voltemos agora à nossa doente de fluxo de sangue.
Então, fruto do paradoxal encontro de seu desespero com as notícias da fama de Jesus, a senhora marginal excluída ganhou esperança e esperança como nunca tivera e agiu como heroína da fé…

Ela tomou a coragem e expôs-se. No seu tempo os lideres fariseus ensinavam-ministravam apenas culpa e condenação. Eles disseram a Jesus que ele não podia perdoar pecados, pois só Deus podia ser juiz e perdoar pecados e nenhum homem o podia fazer! Eles invocavam o facto de que Deus não dizia nas Escrituras para o homem perdoar pecados!

 No entanto eles eram os carrascos, os hipócritas que se julgavam perfeitos e condenavam-marginalizavam os que pecavam, sendo que no fundo para eles, Deus apenas era ministério de condenação e eles eram sua ferramenta humana. Eles usurpavam a condição de juiz exclusiva de Deus, pois só o juiz pode condenar! De forma que para eles ninguém pode perdoar o próximo, pois só Deus juiz pode absolver, mas eles podiam ser juízes-condenadores!

E se alguém tivesse doença ou alguma mazela existencial era conotado e estigmatizado de pecador e amaldiçoado de Deus. Imagine-se as repercussões de tal mensagem na mente de pessoas religiosas e simples e imagine-se a culpa e desespero!
 Os sacerdotes jamais iriam consolar alguém impuro. Jamais iriam orar por tal doente. Jamais resolveriam o problema de tal pessoa e tal pessoa jamais poderia visitar o ambiente do templo deles, o ambiente do sagrado, pois se o fizesse seria expulsa e/ou apedrejada.

Jamais os sacerdotes carnais teriam a perspicácia no Espírito para avançar para além da Lei, para fora do templo, a caminho do enfermo e pecador, discernindo a graça do simbólico Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo… Só quando estivesse boa é que ela poderia ir até eles… Que dilema é a religião, pois como se poria ela boa per si própria?!

Mas aquela mulher ouvindo falar de Jesus expôs-se sem medo e creu que resolveria seu problema e afirmou: se tão-somente tocar suas vestes! Se tão-somente tocar suas vestes! Porquê? Porque na mente dum judeu, conforme Levítico, as vestes sacerdotais estão santificadas por Deus devido ao sagrado da unção e do sangue consagrador do cordeiro!

Ela acreditou que alguém como Jesus só poderia ser o verdadeiro sacerdote de Deus e assim sendo suas vestes estariam sacralizadas pelo seu contacto, afinal ele era o Cristo, o plenamente ungido e era ele a oferta ungida, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!  Ela foi de encontro à autoconsciência de identidade de Jesus, que confrontado pelos fariseus por transgredir a Lei do sábado ao deixar seus discípulos apanhar espigas, respondeu que David comeu pães da proposição com seus homens, sendo que dizendo isso Jesus e os seus comparava-se a David e seus homens.

Comparar-se a David é afirmar-se o Cristo, o filho de David, o qual foi sacerdote da ordem de Melquisedeque, pois além de rei era profeta e agiu como se fora sacerdote ao comer dos pães com consciência pura e outras liberdades que teve no templo, alem de toda a sua unção profética e sua consciência sacerdotal no salmo do sacerdócio da ordem de Melquisedeque – salmos 110.

Jesus comparou-se aos sacerdotes, invocando o facto de os sacerdotes quebrarem a Lei ao sábado para circuncidarem um recém-nascido de oito dias, pelo que se auto-proclamou implicitamente sacerdote, mas ministrando fora do templo. Os fariseus percebiam suas afirmações e por isso se escandalizavam.

Alem disso, Ele afirmou-se maior que o templo de Herodes. Ele afirmou-se como o templo de Deus. Ele afirmou-se como sábado de Deus, o dia em que Deus cria para procurar-encontrar o homem no descanso de seu amor individual e comunitário na terra que criou para tal comunhão idílica…

Grande foi a consciência daquela senhora que creu que não podia e nem tinha de ir ao encontro dum templo de pedra, pois estava-lhe distante, era-lhe proibido e ninguém lá a aceitaria e teria poder de curar sua “impureza”. 
Os do templo de pedra tinham corações de pedra e a Lei era-lhes algo apenas exterior escrito em pedra e não em seus corações! Não discerniam a essência da Thora – Lei – nas Escrituras. Os fariseus tinham basicamente duas escolas de dois rabis: Shamai e Hillel, mas não perceberam como seus rabis que os mandamentos são directrizes de amor. 

As suas consciências apenas exacerbavam a condenação da lei e apenas vislumbravam impureza e esqueciam-se do cordeiro redentor e purificador. Tinham apenas parte da Lei: o conhecimento do bem e do mal, mas perdiam-se aí e não discerniam o bem maior: a graça de Deus no Cordeiro. Era só condenação e impureza em suas mentes.

E porquê a Lei define como impureza os fluxos procedentes das genitais masculinas e femininas?! Impureza porque a Lei - a consciência ética do bem e do mal - apenas, sem a consciência da graça e do perdão do amor divino, dizia eu, apenas produzem na consciência do homem culpas, taras, neuroses e fobias… E a maior das culpas-taras-neuroses-fobias é o mal que advém da genitália, os pecados e/ou impurezas sexuais…

Não é por acaso que Adão e Eva quando conhecem o bem e o mal, sem conhecerem perdão, sentem-se com medo de Deus e suas consciências sentem-se maculadas-condenadas e a especificidade do erro em sua consciência apenas de ética do bem e do mal, sem a graça, centra-se não na desobediência em si ao mandamento, mas antes fixa-se e exacerba-se no sexo, na nudez do sexo…

Sim, Adão e Eva desobedecem a Deus, adquirem conhecimento do bem e do mal e confluem toda a consciência de prática do mal na sua própria genitália… 
A genitália, parte do corpo onde se devia efectuar a maior união do prazer do amor-essência de Deus, é precisamente aquilo que é pervertido e "diabolizado".

Esse é o efeito da Lei, ou seja, a consciência do bem e do mal sem consciência da graça, em que a culpa vira obsessão e fobia neurótica, e o medo de errar vira ansiedade e o mal fica condensado e preferencialmente personificado na genitália…

Por isso a Lei revelada com a graça velada, no contacto com a mente dos homens, tinha que revelar isto mesmo: a mania da personificação preferencial e favorita do mal na genitália humana…
A culpa de tais fobias não é de Deus. Como Paulo afirmou, a Lei, antes da plenitude dos tempos, teve sua utilidade, a de produzir no homem consciência do bem e do mal e de revelar ao homem a falibilidade de todo o ser humano e a necessidade de redenção graciosa através de um inocente…

A Lei tem essa utilidade, só que quando é assimilada na consciência humana, se não for acompanhada de consciência do amor divino e respectiva graça-mansidão-misericórdia-paciência, o homem desenvolve fobias e neuroses de culpa, preferencial e tendencialmente sublimadas no sexo… 

Por isso é que nos 5 livros da Lei de Moisés, alem da ética do bem e do mal, temos também em Levítico toda a sorte de ofertas graciosas e vicárias do cordeiro para perdoar toda a sorte de pecados. Mas a liderança de Israel apenas focava e lia a ética do bem e do mal na Lei, esquecendo a expiação graciosa do mal em Levítico, que é também parte da Lei de Moisés, onde como disse constam ofertas sacrificiais redentoras do cordeiro por toda a espécie de pecados.

Ora o fluxo de sangue é uma hemorragia através da vagina, através do sexo feminino, logo tem dimensão de culpa neurótica ainda maior… A lei foi assimilada com suas sublimações sexuais e tal é revelação do que a lei por si só apenas faz ao homem… Adão e Eva quando transgridem mandamento divino e passam a  ter consciência da transgressão do mandamento, confluem o sentimento de culpa na genitália, sendo que por isso a tapam, deixando de andar nus...

Mas aquela mulher creu que Jesus era o sagrado de Deus a vir não a um templo de pedra ou a um endereço religioso, mas sim ao próprio quotidiano das pessoas, na vida, no chão do dia-a-dia, em qualquer parte da terra, cheio de graça e verdade do amor e misericórdia do divino… 

Aquela mulher acreditou que Jesus era sacerdote de Deus, gracioso, poderoso no amor infinito, e que o mover de Jesus é extra-muros, salvífico e portanto ao encontro do necessitado, sem qualquer comprometimento com sistemas humanos de gente que julga ser mais que os outros e que seu suor e obras podem produzir redenção e o mover do sagrado…

Jesus inaugurou a eterna era do novo Templo e seu novo sacerdócio: Ele e nós nele na terra, na vida, no caminho, onde só ele é o sumo-sacerdote e onde conforme a epístola aos hebreus, vemos que o antigo templo era apenas figura do celestial…

Sim, o antigo templo era apenas figura do celestial e ele saiu do celestial, encarnou e veio à terra para ser imolado por nós e ressuscitando abriu-nos o caminho para o celestial, na terra…

O celestial está entre nós, concreto, vivo, pleno, de carne e osso e em espírito…

Juntemos-nos a ele extra-muros, para a vida, com consciência que somos todos apenas sacerdotes cooperadores do sumo-sacerdote cordeiro supliciado-ressuscitado. Mas somos todos sacerdotes, sem ilusão de que nosso suor redime e sem culpa portanto de nossa ineficácia para salvar, mas com poder para gritar: toquem-lhes as vestes, toquem-lhe somente as vestes, pois ele é omnipotente e completamente amoroso…

E quem o fizer deixa de estar impuro e passa a ser também sacerdote e mais do que as vestes, passa a abraça-lo e a com Ele cooperar…Este nobre ministério é para todos os que são por ele alcançados, pois todos somos chamados a ser embaixadores, sem acepção de pessoas alguma, todos irmãozinhos do mano velho - o ancião de dias -  que nos salvou e diante do pai não tem vergonha de nos chamar irmãos…!

Ninguém pode redimir senão Ele e ele não vive em templozinhos feitos pelas mãos humanas! Ele vive em todo o lado da terra que é estrado de seus pés… Ele está connosco onde estivermos, seja em Jerusalém, seja onde for, desde que em Espírito e verdade!
Saiamos a Ele!

As pessoas tendem a ser escravizadas e por isso o sistema deste mundo é uma pirâmide social escravizante e a religião é igual… Sem o Espírito de Deus, as pessoas todas, mesmo as religiosas e éticas, tendem a preferir e viver em sistemas opressores onde oprimem e/ou são oprimidas e vice-versa. As pessoas sem o Espírito tendem a preferir a escravidão à liberdade, assim como a glória dos homens à glória de Deus, que é a glória de seu Cristo.
O que prefere você: a glória dos homens ou a glória de Deus?
Saiamos a Ele…

Hoje e sempre com muita coragem, pois Ele vem sempre ao nosso encontro, não fujamos dele e toquemos-lhe nas vestes, e deixemos-nos tocar por seu amor…

Saiamos a Ele e cooperemos com ele extra-muros, sem suor, com alegria, sem medo, com amor, sem ansiedades e fobias de fazermos insuficiente e sem expectativas inconscientes de salvarmos seja o que for…
Saiamos a Ele e vistamos as vestes leves e claras dos que vivem no templo do amor de Deus na terra e essencialmente no coração dos homens…

Façamos como Pedro que começou a deixar de gravitar em torno do templo de Herodes e debaixo da unção de Cristo, na partilha da Palavra da vida, via sua sombra curar os muitos enfermos e oprimidos, que não eram colocados no templo, mas sim no chão da vida e da cidade...

Façamos como Estêvão que viu Deus fazer ainda mais através de si na libertação de muitos, porque estava também debaixo da unção do cordeiro e pregava o Cristo como único templo de Deus...

Façamos como Paulo que aprendeu de Estêvão, cortando definitivamente com a dependência de templos humanos e debaixo da unção do cordeiro, aninhado na consciência e prédica de Jesus como o templo vivo do Deus vivo, via até os aventais com que trabalhava quotidianamente fazendo tendas para seu sustento, serem ferramenta sacerdotais de Deus; pois suas vestes eram as de trabalhador de avental, mas seu coração estava vestido das vestes cooperadoras do autor da vida, o sumo-sacerdote Jesus, de modo que ministrava de graça a graça de Deus, no seu quotidiano laboral, não pelo seu suor, mas pelo suor e sangue que o cordeiro vertera no monte das oliveiras...

Saiamos a Ele e abracemos a glória que não desvanece e fujamos da vã-glória dos homens…
Saiamos e Ele e celebremos com Ele, seja onde for, na praia, nas ruas, em auditórios, em capelas, em casa, mas saiamos da religião a Ele…

J.P. Maia, vestido de linho puro e leve, pela graça do cordeiro, em fins de Agosto de 2014, durante o aquecimento global, em pleno verão, mas sem suar, sem confiar em si mesmo, tocando todos dias nas vestes do cordeiro eterno que o abraçou antes da fundação do mundo…


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